Hoje finalizei a leitura do livro “Grande Magia” da Elizabeth Gilbert. Senti como se fosse o livro certo, no momento certo. Sabe? A Elizabeth tem uma leveza e um bom humor de quem leva a vida como uma grande aventura. Eu li o livro com um sorriso estampado. Mais do que uma leitura, parecia que estava numa roda de conversa, concordando demais com o que estava sendo dito ali.
Uma das primeiras coisas que chamou a minha atenção, no livro, foi a consciência da co-criação. A autora destaca o trabalho artístico como um canal de expressão da parceria entre o artista e a inspiração. Com clareza e leveza, ela traz a ideia da existência de um banco de ideias cósmico, disponível a qualquer pessoa que se ponha à disposição para trabalhar para que a ideia, via inspiração, seja manifestada no mundo material.
E traz fatos que contribuem para essa tese – um deles sendo sua própria experiência criativa – em um insight que teve de um romance que sentiu de escrever, mas que ficou para segundo plano. Anos depois, quando voltou ao trabalho com o livro, a inspiração já não estava mais lá. Tempos depois, descobriu que uma amiga estava escrevendo um livro com a mesma ideia que a tinha atravessado anos antes e depois ido embora.
O fato me rendeu muitas risadas, era muita “coincidência”. Também, no livro, ela cita outros exemplos. Um que prendeu a minha atenção foi da teoria evolucionista do Charles Darwin, que havia passado mais de 20 anos para publicar sua tese, pouco tempo depois de receber uma carta de um jovem naturalista, que tinha desenvolvido uma teoria similar em apenas 3 dias. Esse fato em específico ela não detalha no livro, mas, por conhecer a história de Darwin, pude realmente fazer a associação e perceber mais profundamente o que ela queria dizer com isso. As ideias não são dos artistas e elas tem seu tempo para virem ao mundo.
Fato é, que ela também fala, que muitas ideias já vieram ao mundo através de muitas pessoas. Mas a forma que vem através das pessoas é única. Cada indivíduo é único e tem a sua própria percepção de mundo. Então os trabalhos nunca serão iguais.
Também, ela traz o exemplo de uma senhora de 90 anos que conheceu, e que havia passado os últimos dez anos estudando a história da antiga Mesopotâmia e se tornado especialista no assunto. Nunca é tarde para começar. Deve-se começar assim que se decidir.
Amei as partes em que ela conta da sua trajetória como escritora, o fato de nunca ter “largado tudo” para seguir sua paixão pela escrita. Ela comenta no livro que não queria dar esse peso para a escrita; de ter que pagar suas contas. Ela fala também sobre a necessidade de se “ter um caso” com a escrita ou com qualquer que seja sua paixão ou expressão criativa. E, assim, achar tempo para se dedicar, nem que sejam apenas quinze minutos, rapidinho, sem que ninguém saiba.
Gosto e concordo também com o que fala sobre o sofrimento artístico ser opcional e totalmente dispensável. E sobre a diversão, que nada tem a ver com falta de compromisso, irresponsabilidade, justamente o contrário de tudo isso. A vida criativa pode ser leve, prazerosa, e ao mesmo tempo profunda, responsável, significativa.
Deixo aqui os principais aprendizados / insights que tive com o livro. E recomendo, fortemente, quem sentir de se conectar com a sua própria criatividade, que leia o livro. Quanta inspiração!
1. Tenha um caso, arranje tempo para fazer o que sente prazer;
2. Siga sua curiosidade, não espere encontrar uma paixão avassaladora;
3. Esqueça a perfeição e simplesmente comece, faça;
4. A vida criativa pode ser leve, prazerosa e divertida. O sofrimento é totalmente dispensável;
5. Quando você não usa sua capacidade criativa para construir ativamente algo, é possível que a use para destruir (a si, sua paz de espírito, seu relacionamento);
6. Ideias tem seu tempo, se não forem materializadas através de você, serão através de outra pessoa;
7. Nunca é tarde para começar;
8. A sua criação não é o seu bebê, esteja pronta / pronto para editá-la e desfazer-se dela se for preciso;
9. Desapegue-se do resultado e se divirta no processo;
10. A criatividade é sagrada, mas ao mesmo tempo não é, não a leve tão a sério.
Só para finalizar, amei! Foi para mim uma superinspiração para continuar no meu caminho criativo, e para incentivar mais e mais pessoas a produzirem, a colocarem para fora seus tesouros internos.
Com carinho,
Sofia.
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