Hoje foi o último dia oficial do curso que fiz, conduzido pela Rachel Brathen, a Yoga Girl. O curso se chama Home. E o intuito do curso é que fosse uma jornada de volta para casa, de volta para si.
O curso foi dividido em 7 semanas, e, em cada uma delas tínhamos um tema específico e uma série de ferramentas para nos ajudar a acessar os aprendizados em volta dele. Na primeira semana, o convite foi para sonhar (Dream). Aprendemos sobre intencionar, sobre acessar os desejos da nossa alma, através de meditações, práticas de Yoga, contato com a natureza. Escolhemos uma planta amiga; da qual deveríamos estudar as propriedades, sua origem, nos conectar com sua medicina, plantar, cuidar. Em todos os módulos, a conexão com a natureza era a base. Realmente, nossa desconexão com a natureza diz muito sobre a nossa desconexão com a nossa essência.
Minha "plant friend" acabou sendo a lavanda. Ganhei, "por acaso", as sementes de uma amiga querida e acabei decidindo que seria ela. Sim, a lavanda que nos ajuda a relaxar, acalmar, desacelerar. A lavanda que deixa um cheirinho delicioso quando se faz presente, que tem uma cor suave, linda. Achei simbólico. Sempre fui uma pessoa com pressa, e a minha plant friend escolhida poderia me presentear com a calma.
Intencionei para o curso que, nessas 7 semanas eu me abrisse ao amor. Amor esse que sempre tanto busquei fora. Na primeira semana ainda no meio das práticas, quantos insights. Ao decidir me abrir para o amor, abrir meu chakra cardíaco, acessei um nó, uma dor no coração. Fazia a prática de yoga e só conseguia chorar. Afinal, poderia facilmente trocar o nome "Home Course" por "Crying Course". Chorei, chorei uma dor que nem sabia que tinha.
Logo na primeira semana me deparei com uma mágoa, que certamente tinha ocupado um lugar muito maior que deveria no meu coração. Foi quando eu comecei a entender quão venenoso pode ser o autoengano. Quantas vezes eu quis colocar "panos quentes" em situações para evitar conflito, para ser amada, e, nesse caminho, me machuquei, me magoei.
Quem ensina a gente a se escutar, a se amar, a se posicionar? Onde estão essas pessoas? Quem nos ensina que é seguro sentir? Que é seguro se escutar, seguir o que se acredita?
Na segunda semana, o tema era "Escavar" (Dig). Lidar com as sombras. Toda semana iniciava com uma sessão ao vivo com a Rachel, e as mais de 200 participantes, mulheres de todo o mundo. De 33 países. Essa foi a semana em que fiz a "shake meditation", em que pude acessar a minha raiva. Velha conhecida raiva, presente em todas as meditações ativas que já fiz na vida. Engraçado, agora lembrando, minha boca não espumou de raiva dessa vez. Mas de todas as outras até então sim, e não foram poucas. As meditações ativas nos ajudam a externalizar as emoções que guardamos.
A semana de escavar foi a semana em que conheci meu "Sharing Group". Quatro mulheres espalhadas pelos EUA e Canadá, com quem deveria me reunir semanalmente para dividir os aprendizados da semana, e, mais importante, como me sentia. Isso tudo em inglês. Ufa. Nunca tive facilidade em dividir sentimentos. Sempre tive facilidade em mudar de assunto, em escutar o outro, mas escancarar meus sentimentos, ainda em outra língua... desafio.
A terceira semana se aproximava e foi bem quando fui para Ilhabela. Retiro. Foi a semana em que tudo aconteceu. Era a semana do "Dare", ousar. Ousar fazer diferente, agir diferente, me posicionar. Foi quando entendi que o que me impedia de acessar o amor era o medo da rejeição, o medo de não merecer, de não ser suficiente. Foi a semana que decidi agir, falar, colocar minhas vontades e meus pensamentos para fora, para o mundo. Me senti acolhida, me senti rejeitada. Foi, literalmente, uma semana de "tentativa e erro". Eu sempre "soube" que pra obter o bônus teria que estar aberta ao ônus. E na Dare week não foi diferente.
Passado o retiro, entrei na "Deserve week". Na minha deserve week, fiz um catch up de partes perdidas dos módulos anteriores. Fiz uma prática linda de enterrar meus medos e tudo que me impedia de acessar meus sonhos. Plantei minha lavanda. Meu computador quebrou, o HD foi junto. De repente me deparei com a impotência - não havia nada que pudesse fazer para reverter a situação. Cancelei todos os meus atendimentos, comprei um computador novo, à altura do meu merecimento, e viajei pro Rio de Janeiro. Decidi ir em "5 minutos". No dia seguinte estávamos, a amiga que tinha me convidado e eu, na estrada.
Achei sincrônico como na "Deserve" week eu estava me permitindo sair do script. Também achei interessante que, na prática de Yoga que fiz desse módulo, me veio a sensação de que é seguro ser quem sou. É seguro expressar minhas necessidades, é seguro estabelecer limites. É seguro falar não. É seguro desagradar. É seguro. Foi com essa sensação de segurança que voltei pra casa (em mim e do Rio para São Paulo). No Rio me senti segura em estar no meu ritmo. Sem a pressa de "ter que" nada. Em ser do meu jeito - meio bicho-grilo, meio "espiritual" demais, profunda demais.
De volta a São Paulo, fiz o exercício dos meus Valores (core values). Senti cada palavra e cheguei aos meus TOP 3: Autenticidade, Vulnerabilidade, Amor. E aí escolhi AMOR como valor principal; que rege a minha vida e guia meus passos. Fiz também a "NO meditation" e, mais uma vez, acessei meus limites. Foi também a semana em que comuniquei minhas necessidades. Encerrei ciclos, tive clareza dos meus padrões, me escolhi. Na sharing session dessa semana, uma das participantes ressaltou: "Nossa, Sofia, você foi autêntica, vulnerável e recebeu amor. Autoamor.".
E foi como uma chave virada, um "download" feito. O amor que recebemos é proporcional ao amor que nos damos. Ao quanto ativamente escutamos nossas necessidades e conseguimos atendê-las, comunicá-las. Se não me conheço, como é possível me amar? Como é possível ensinar ao outro sobre o amor? Aprendi que o amor está distante do que aprendemos nos filmes. Amar, pra mim, também não significa obedecer a uma ordem externa que nada ressoa com o que acredito. Amar é seguir o chamado do sentir, da alma, sem medo, sem julgamento, com a confiança de que tudo é perfeito.
A Delight week, na semana seguinte, foi quando mais chorei nas práticas. Era pra ser a semana da alegria, mas foi onde eu me deparei com a frustração. Com a tristeza. Percebi que, muitas vezes, por ser essa pessoa pra cima, alegre, engraçada, leve, acabei enterrando muita tristeza, palavras não ditas, vontades não atendidas, pela simples necessidade de agradar.
Por fim, hoje encerramos a Devote week. Última live session. Quanta liberação. Quanto amor. Foi a semana de devoção, de conexão com o divino. Eu já cultivo práticas diárias de conexão espiritual. Meditação e ritual do perdão é o que eu faço religiosamente, todos os dias, independente do curso. Mas hoje, na prática da sessão ao vivo com a Rachel o convite foi para rezar. E pedir. E se permitir receber. Eu sempre falo isso, inclusive, escuto isso há um tempo. A gente tem um canal aberto com o divino, com nossos mestres e guias, com a espiritualidade. E, às vezes, a gente esquece. A gente esquece de que eles estão ali, a postos, só esperando nosso pedido pra intervir. Pra agir ao nosso favor. Pra nos conceder aquilo que merecemos. Só precisamos ter a humildade de pedir. E hoje eu o fiz. Pedi, chorei, recebi, mereci, agradeci.
E senti de vir aqui de transbordar. E agradecer.
Gratidão por me acompanhar nessa jornada de amor.
Com carinho,
Sofia.
08/05/2022.
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