Há um ano estava iniciando uma das jornadas mais profundas, intensas e amorosas que vivenciei até hoje.
Decidi fazer um retiro, junto com 17 outras mulheres, na Amazônia Peruana, sob a guiança do maestro Panshin Nima, da etnia Shipibo.
Cheguei antes do grupo, tive tempo de descansar meu corpo físico da viagem longa, antes do início dos trabalhos.
Ao todo foram 6 cerimônias de Ayahuasca, acompanhados por banhos / saunas de ervas, alimentação natural, conexão com outro ritmo de vida. Lá onde estava não tinha energia elétrica.
Buscava a cura do meu feminino, da minha sensibilidade, da minha vulnerabilidade, de tudo aquilo que me afastava da minha versão mais autêntica e amorosa.
Durante a minha vida inteira busquei o amor e a validação externos. Não aprendi a acolher minhas emoções, a chorar, a expulsar de forma saudável a minha raiva e minhas indignações. Ali, naquela mata, longe da minha vida em São Paulo, fui me reconectar com algo tão básico, mas tão essencial quanto negligenciado na minha vida: a minha autoconfiança.
A fé em mim, no meu caminho, nos meus sonhos, na minha verdade. Acessei um campo de amor que nunca havia sentido. Foi tanto amor que senti, um amor que não dá pra descrever. Um amor que nada tem a ver com a nossa ideia mundana de amor.
Um amor que transcende a compreensão. Também senti muito medo. Um medo de estar viva, um medo de habitar um mundo em que o amor não é a regra. Um mundo em que o amor é pra quem tem coragem. Coragem de romper com o modus operandi desse sistema.
Só depois de muito tempo que entendi que o trabalho começava ali. Nem sonhava em tudo que aconteceria depois. Tudo bem diferente do que a minha mente, tadinha, tentava traduzir.
Só eu sei o quanto medo senti, quanto chorei de tristeza, quanta raiva processei nesse último ano. Só eu sei quanto me afoguei nas minhas emoções, o quão sensível me percebi.
Na maior parte desse tempo, só pedia que isso tudo acabasse logo e que eu voltasse a "ser eu". Só que depois de um tempo percebi, essa era iniciação para que eu reconquistasse a minha maior fortaleza: minha sensibilidade, minha amorosidade, a mim mesma.
Aprendi que o caminho se encontra caminhando, então me pus a caminhar. A seguir. Mesmo sem certezas, fui caminhando e aprendendo a me ouvir. Até que sussurros internos se tornaram berros. Até que as minhas ações fossem as condutoras da minha vida. Até que o presente fosse mais importante do que qualquer outro momento no tempo.
Isso tudo ainda é um exercício pra mim. Mas é o treino que nos fortalece, não é mesmo? Então sigo me fortalecendo nesse caminho, entendendo que a beleza da vida é poder celebrar os aprendizados e compartilhá-los com quem está ao nosso lado.
No mais, fico feliz dessa minha jornada até aqui. Foram 12 meses no calendário que nos acostumamos a utilizar, mas em consciência, em experiências, em emoções e amor, nem sei.
Agradeço por me acompanhar até aqui,
Sofia.
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